Wednesday, October 19, 2005



Mulheres se apaixonam com a mesma frequência com que compram sapatos. Digo isso e sigo para a questão que realmente importa: por que falamos tanto? Ou, colocando de outra maneira: por que ouvimos tão pouco?
Ontem, num chat, uma amiga disparou: "Estou apaixonada". Entre a inveja e a indiferença, escolhi o sarcasmo: "Fica tranquila que isso passa". Ela fingiu que me escutou, eu fingi que fui ouvido e continuamos nossos pequenos monólogos alternados. E, metralhado pela incessante sequência de qualidades do jovem que a arrebatara, senti crescer em mim uma ânsia ancestral: a de falar.
Augusto dos Anjos fala do "molambo da língua paralítica" como um obstáculo à expressão de idéias. Vou lhes confessar algo: nunca ouvi falar de um deficiente verbal sequer (excetuando-se os mudos, claro). Todos meus conhecidos têm línguas salubérrimas e não parecem ter problema algum em verbalizar os seus mais reconditos sentimentos. Um bom ouvido, no entanto, parece ser um desafio para a engenharia genética. Homens de marte e mulheres de vênus? Somos, todos, sistemas solares isolados!
Queria que um dia, minha amiga, eu pudesse vencer a distância planetária que nos separa e, ouvir, de bom grado, as lamúrias de um coração apaixonado!

4 Comments:

Anonymous Anonymous said...

ainda bem q temos o mesmo sistema solar como inimigo!

6:02 PM  
Anonymous Anonymous said...

adorei seus textos!
:)

6:20 PM  
Blogger Para continuar said...

Oiiii,olha eu acho q voltei com meu blog
=*

4:37 PM  
Anonymous Anonymous said...

maldita regras! sempre procuramos generalizar coisas tão complexas! por simples anseio de possuir controle das situações...

12:38 PM  

Post a Comment

<< Home