Thursday, September 18, 2008

Há mais bons conselhos num seriado enlatado que em dois terços da Filosofia!
A frase é audaciosa e, a fração, completamente arbitrária. No entanto, insisto: quando em dúvida, feche o livro e ligue a tv.
Se percebeu um pouco de amargor nesse prólogo, é porque ainda não o releu. Releia-o e note que não há pouco. Explico: ateu e com formação em exatas, persigo a filosofia como um cão vadio acossa um automóvel. Quero preencher o vazio normativo que a religião deixou e que a ciência, descritiva, jamais preencherá.
A ciência descreve a química do beijo, o neurotransmissor da paixão, a mórula e a blástula; a viabilidade de uma relação, contudo, quem me dirá? A filosofia é que não, já que, preocupada em me definir como ente – e, de preferência, à maneira dos geômetras! – não me responde o essencial, o indispensável: como viver bem? E assim, quando a filosofia cede aos meus latidos, percebo que de nada adianta, e saio com o rabo entre as pernas.
E falei em viabilidade de relação por um motivo: fui acometido, recentemente, por uma paixão que foi rápida e intensa como uma chuva de verão, e ainda deixou alguns estragos.
Por que o relacionamento não frutificou? Não sei a resposta. Nem sabe a ciência. E a filosofia, bem, esta já virou a esquina. Mas eis que a televisão – numa reinterpretação magistral daquilo que os filósofos chamariam de "versão temporal do princípio copernicano" – com a competência e sabedoria de um Proust moderno, resumiu, em uma frase, toda a problemática dos relacionamentos: "Com sua cara metade, nunca faça planos para um futuro mais distante do que o tempo que vocês já estão juntos". É isso! Uma semana de relação? Contenha-se em sonhar no máximo uma semana a frente.
E, findo o post, dêem-me licença. Vou assistir enlatados e aprender a viver bem.